Resultados da pesquisa por: bichos

A ilusão dos bichos

 (Este texto é uma espécie de fragmento não utilizado do texto anterior)

As palavras alimentam sonhos e esperanças, não raro, porém, se alimentando justamente de nossos sonhos e esperanças. A mesma voz que promete liberdade plena pode tomar o pouco que temos. A revolução dos bichos, de George Orwell, é um ótimo exemplo. Após existências de exploração, os animais de uma fazenda são “conscientizados” a se rebelar contra o proprietário que tanto os maltratou. Com certa facilidade, eles conseguem expulsar o ex-dono e passam a desfrutar de um breve período de alegria. Gradualmente, porém, a boa vida conquistada após a vitória vai dando lugar a uma nova exploração, desta vez conduzida pelos porcos – os animais mais inteligentes do bando, logicamente, os superiores. Mas a situação melhorou muito, afinal desta vez não há um homem tirando proveito deles – o que há é um merecido e justificável sacrifício em prol do grupo. Essa mesma ladinha foi bem explorada no filme A onda (o qual ganhou uma nova versão em 2008, mas ainda não surgiu nos cinemas brasileiros): a massificação, longe de criar uma sociedade forte, apenas anula o indivíduo. Os animais, pouco a pouco, deixam de ter importância individual e se transformam em meros instrumentos em prol de uma coisa abstrata chamada fazenda, a qual – concretamente – só existe enquanto propriedade de porcos cada vez mais parecidos com o velho inimigo de todos, o homem.

É possível encontrar, sem muitas dificuldades, diversas referências críticas ao regime socialista (o porco idealista seria Karl Marx, o porco banido seria Trotsky, o porco tirano seria Stálin, os animais explorados seriam o povo russo etc. etc.), mas creio que o alerta é mais abrangente. No final da história, já não se sabe a diferença entre porcos e homens (socialistas e capitalistas?) ; para ambos o discurso é mero instrumento de poder.

… não era uma narração

 Era uma vez um garoto que não morava numa casa de campo, não conversava com sapos e não tinha um velho baú com cartas esquecidas no sótão. Sua casa sequer tinha sótão, ele sequer tinha um bichinho de estimação, mas ele morava numa casa pequena, onde de vez em quando parava para pensar nas coisas.

O quintal, cimentado, não tinha tocas de tatu, vasos de plantas ou tijolos à mostra; nada que revelasse ou desse margem para um devaneio – e como ele gostava dessa palavra. Antes mesmo de conhecer seu signficado, ele a sussurava com deleite, bem baixinho, quase que só pensando, para que ninguém a ouvisse, como se a quisesse só para si. De-va-nei-o…

Ele não ouviu essa palavra de uma garota bonita nem de um garoto amigável, nem de um velho tio-avô desconhecido, nem de um jovem primo aventureiro. Mas mesmo assim ele gostava, como gostava, de sentir aquela palavra. Nunca ninguém lhe explicou o que ela significava. Pouco tempo depois de conhecê-la, ele sentiu que ela lhe era íntima, quase que uma cúmplice, abraçou-se a ela e ficaram amigos.

Como sua casa não tinha bichos, jardim, sótão ou qualquer outra misteriosidade, às vezes ele se deitava no quintal e fica olhando para as nuvens passeando no céu. O curioso é que ele nunca se preocupou em decifrar se as nuvens tinham formato de pessoas ou bichos; satisfazia-se apreciando as texturas, as cores e os contrastes, ora harmônicos ora desarmônicos, que se formavam. Às vezes, escutava o barulho das nuvens (não confunda com o barulho do vento) e se sentia realizado. Certa vez a chuva caiu sobre ele. Foi um dia muito gostoso.

T3 – 12

Aluno responsável pela tarefa: TIAGO V.

Ouça a canção “As criaturas da noite” e responda: o que as criaturas da noite simbolizam?

AS CRIATURAS DA NOITE (Flávio Venturini e Luiz Carlos Sá)

As criaturas da noite
Num voo calmo e pequeno
Procuram luz aonde secar
Peso de tanto sereno.

Os habitantes da noite
Passam na minha varanda
São viajantes querendo chegar
Antes dos raios de sol.

Eu te espero chegar
Vendo os bichos sozinho na noite
Distração de quem quer esquecer
O seu próprio destino.

Me sinto triste de noite
Atrás da luz que não acho
Sou viajante querendo chegar
Antes dos raios de sol.

[…]

Furumbelo Paixão – como tudo começou

Carta de apresentação.
Texto escrito em 20 de fevereiro de 2010.

Caro leitor e cara leitora a quem este texto se destina,

Há um filme em cartaz, Se beber, não case. De fato, quando tomamos decisões importantes, convém estar sóbrio, ter a mente clara. Você sabe que estamos montando um grupo de estudos, mas precisa, antes de mais nada, entender claramente o que isso será.

Ainda que não mais seja professor de vocês, consegui autorização para que eu continuasse com o mesmo grupo de estudos do ano passado. E quando eu falo em “grupo de estudos”, por favor, dê ênfase à locução adjetiva. Não aceite fazer parte do grupo apenas por você ter participado no ano passado. Entre, faça parte, apenas se você de fato acreditar que isso pode ser útil para sua formação cultural.

A palavra cultura, aliás, é de extrema importância no contexto desta carta. Você sabe, cultura vem de cultivo; cultivo implica colheita. Analisemos alguns, só alguns, frutos:

• No ano passado, trabalhando o tema da Cidade Perfeita, pudemos refletir sobre diversas questões como: o poder simbólico de um líder onipotente que possa resolver todos os males; a dificuldade que o indivíduo tem em aceitar que a vida é imperfeita, e sua posterior adesão à utopia; o perigo de governos ditatoriais, mesmo numa aparente democracia; o prazer sobreposto à inteligência etc.

• Valendo-se do mote, alguns de vocês tiveram contato com diversas obras importantes como 1984 e A revolução dos bichos, ambos de George Orwell, O Show de Truman, do diretor Peter Weir. Saber que um deles virou leitura obrigatória este ano e outro fará parte do clube de cinema do ensino médio, sem dúvida alguma, é constatar que vocês puderam se antecipar culturalmente àquilo que seria o ‘comum’, mesmo numa grande escola.

E o cultivo deste ano? Ainda não há uma definição do tema da feira cultural, mas isso pouco importa. A ideia é estudarmos com profundidade alguns temas de relevância. A feira é o mote, uma boa desculpa para nos reunirmos, para buscarmos reflexões. Parece-me que vale a pena, independentemente de qualquer coisa.

Há, no entanto, alguns poréns que devem ser observados. Tudo indica que não haverá problema em mesclar alunos das salas 60 e 61, mas existe a possibilidade de o grupo da feira cultural ser composto apenas por alunos da sala par. Seria desonesto de minha parte se eu escondesse essa informação. No entanto, na pior das hipóteses, quem fizer parte do grupo de estudos participará de toda discussão a respeito de dois ou três temas que iremos estudar antes da divisão dos grupos. Essa é a pior hipótese, e nem me parece tão ruim assim. A melhor é que talvez não haja implicância e possamos trabalhar até o fim com o mesmo grupo.

 Pense bem antes de aceitar ou recusar. Caso você entre para o grupo e ele não corresponda às suas expectativas, você terá toda a liberdade para sair dele – mas fazendo a gentileza de dar um adeus, ao menos, ok?

Espero ter esclarecido satisfatoriamente suas dúvidas.

Será um prazer contar com alguém que tenha paixão pelos estudos.

Atenciosamente,

Rodrigo L.

Furumbelo Paixão: 100 questões

Antes de mais nada, se precisar, o filme encontra-se aqui.

Fiz estas 100 questões para os meus alunos, de modo a verificar se todos haviam conseguido captar os sentidos simbólicos de todas as cenas – e não apenas daquelas em que eles atuavam. Sim, o nível de dificuldade e importância varia muito. Há aquelas que servem apenas para verificar se a pessoa de fato assistiu ao filme e aquelas que servem para verificar quantas camadas de significação o indivíduo conseguiu penetrar.

Caso queira, e espero que queira, deixe nos comentários suas opiniões.

Abraços.

Rodrigo L

 —-

01) Quais os sentidos simbólicos da cena de abertura (Vigliar & Kenny)?
02) Por que a imagem do Kenny gira?
03) Especificamente, o que simboliza a frase “Assista Furumbelo”?
04) Especificamente, o que simboliza a frase “Beba Furumbelo”?
05) Qual o sentido simbólico da música “Also sprach Zarathustra” no início do filme?
06) Por que o filme começa citando “2001, uma odisseia no espaço”?
07) O filme NÃO deixa claro qual é a profissão do Furumbelo. Cite a primeira evidência que comprove essa afirmação.
08) Qual a figura de linguagem presente na sequência: “hoje, agora, neste exato instante”? Explique sua importância para a cena.
09) Por que o subtítulo se chama “retalhos de uma vida”?
10) O que está por trás do cumprimento “Bom dia, Vila Mariana; bom dia, Brasil”?
11) Explique a ironia no nome “Arte & Cultura”.
12) Jeff Agostinho comete uma gafe logo na abertura do programa. Explique-a, indicando de que modo a situação poderia lhe trazer sequelas financeiras. Indique também de que modo isso contribui para o desfecho do filme.
13) Do ponto de vista dos criadores do filme, explique o propósito das perguntas toscas do Jeff Agostinho.
14) Quando o Anônimo elogia Furumbelo, ele está ecoando uma determinada postura ideológica (dica: isso é desenvolvido num dos capítulos de “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda). Explique.
15) Indique a contradição mais óbvia dita pelo Anônimo. Explique por que esse tipo de erro é importante para que o expectador compreenda o gênero do filme.
16) Por que Jeff derruba o anônimo?
17) Que ironia é explicitada quando Jeff anuncia a estrela do programa da semana seguinte?
18) Por que porco feliz? Qual o propósito dessa piada?
19) Para que servem as cenas rápidas com Luccas, Oertes, Augusto Malaman e as três amigas?
20) Qual o sentido da música que toca quando o Tony Tonhão faz exercícios?
21) Qual o sentido da cena do Tony Tonhão?
22) Qual a principal ironia contida na cena da Bárbara Ramos? De que modo esta cena dialoga com a cena anterior?
23) Qual é o problema social que aparece na cena da Bárbara? De que modo esse problema influencia a educação dos jovens?
24) Por que ela se chama Bárbara?
25) Qual o sentido da música cantada pela Samara Pipolina?
26) Por que ela tem tantas profissões?
27) Por que a lousa está desenhada atrás dela?
28) Qual o sentido desta cena específica?
29) Que música empresta ritmo à cena? Qual o sentido (fora do filme) desta música?
30) Além da ironia óbvia, qual o sentido da cena do Cornélio Amâncio?
31) Explique os nomes da família Jsacson.
32) Que tido de educação Rebeca está dando a seus filhos?
33) O que Teodoro Pompeu está segurando durante a entrevista?
34) Por que ele é um “pai gente boa”? Qual a crítica por trás dessa informação?
35) De acordo com Teodoro, o que seria um colégio careta?
36) Quando Teodoro elogia Furumbelo, ele está ecoando uma determinada postura ideológica (dica: isso é desenvolvido num dos capítulos de “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda). Explique.
37) Por que “se fossem livros de autoajuda, tudo bem”?
38) Por que na cena do Teddy não há diversos alunos lendo ao lado dele?
39) De que livro Teodoro está falando? Resuma, em linhas gerais (quatro linhas, no máximo), o enredo dessa história.
40) Indique duas evidências de que Teodoro é machista.
41) De que filme Teodoro está falando? Resuma, em linhas gerais (quatro linhas, no máximo), o enredo dessa história.
42) Qual o posicionamento político do Otávio Gatão? Qual é a principal bobagem que ele tenta defender? O que o filme está criticando nesta cena?
43) Indique todos os pleonasmos ditos por Álvaro Topete.
44) Explique a gradação que aparece quando ele cita os ídolos que sempre influenciaram os jovens.
45) A cena de Joseph Zhen satiriza um livro / filme que fez muito sucesso nos últimos cinco anos. Que livro / filme é esse?
46) Em que consiste a estrutura argumentativa do discurso de Joseph?
47) Cadê o cérebro de que Joseph fala?
48) O que significa a expressão “homem renascentista”?
49) Explique o adjetivo “cativante”.
50) Qual a relação entre a cena do locutor Arnaldo Aragão e o livro “1984”?
51) De acordo com Juca Macieira, nada é anormal, nada é estranho, nada é errado. Explique, indicando perigosas sequelas dessa postura.
52) Qual o sentido da cena de Túlio Santana?
53) Opinião idônea?
54) O que Túlio elogia nas músicas do Furumbelo? Seus argumentos são de fato bons? Explique, indicando valores que Túlio não levou em consideração na análise de seu pupilo.
55) Explique a antítese entre Johnny Brother e Osman Teigoso.
56) Osman NÃO cita Fernando Pessoa com precisão (faça o favor de ler o poema). Explique o sentido disso.
57) Compare os argumentos de ambas as personagens. Quem leva vantagem no plano do conteúdo e no plano da expressão?
58) Ambos cometem uma contradição. Explique.
59) Que postura é criticada na cena do Dadá Mutema?
60) Por que Telmo Pangolé é auxiliar de escritório?
61) O que está por trás de sua crítica a Furumbelo?
62) Explique o “falando nisso”.
63) Complete e explique a gradação: sabia que eu sou poeta; eu escrevo uns funks; X.
64) Qual o sentido da música que toca nesta cena?
65) Por que Camila Mello é assistente jurídica?
66) Qual a crítica metalinguística que a cena sugere?
67) Por que ela coloca a aliança no bolso?
68) Por que ela diz “oi, Fu” e não “Oi, Furumbelo”?
69) Que poema é esse que ele inventou para a Camila?
70) Que poema é esse que ele inventou para a Ágata?
71) Por que, mesmo sem ela ter unhas negras, o poema era a sua cara?
72) Que tipo de personalidade do Furumbelo começa a se delinear nessas duas cenas?
73) Considerando o discurso da Tônia Beterraba, que coisas que um homem não precisa ter?
74) O que significa “biscateiro”?
75) Toleléu Gomes consegue se justificar decentemente?
76) Explique a frase “curso de teatro? Pra quê, meu bem?”.
77) Qual o sentido da música que toca nessa cena?
78) Por que a profissão de Dedalus é “norteamericano”?
79) O que Dedalus de fato diz a respeito do Furumbelo?
80) Por que a legenda está ‘errada’?
81) Por que a cena do casal Coelho é a única em “três dimensões”?
82) Por que eles não conhecem o Furumbelo?
83) Quem eles passaram a conhecer nesse meio tempo? (escreva o nome de todos os artistas citados, indicando suas “profissões”).
84) Quem é Bosch?
85) Qual a crítica implícita nesta cena?
86) A cena das preciosas critica a vulgaridade das mulheres? Justifique.
87) Por que “num adjunto adverbial de lugar”?
88) Qual o sentido da música que toda nesta cena?
89) Por que o filme não poderia acabar nesta cena?
90) Por que Jeff manipula o Anônimo para que este fale pelas costas? (dica: compare essa postura com o escândalo que aconteceu pouco antes do impeachment de Fernando Collor de Melo; quem foi Pedro Collor? Por que ele participou do episódio?).
91) Quem afinal é o Furumbelo?
92) QUAL A PRINCIPAL CRÍTICA DESTA CENA (e, de modo geral, do filme)?
93) Qual o sentido das reticências?
94) Por que é tocada a quinta sinfonia de Beethoven?
95) A personagem da Júlia, aquela que reclama que o filme é “metido a besta”, simboliza que tipo de público?
96) O que significa dar um “THE END” ao filme? (quem viu IN ON IT sabe a resposta, quem leu e viu A REVOLUÇÃO DOS BICHOS, idem)
97) Qual é a ideia (ou quais são as ideias) que o filme está querendo compartilhar?
98) Por que a recusa à música do Queen?
99) O que significa “autoironia”?
100) O nosso filme teve um FIM?

Furumbelo Paixão – 100 questões

Fiz estas 100 questões para os meus alunos, de modo a verificar se todos haviam conseguido captar os sentidos simbólicos de todas as cenas – e não apenas daquelas em que eles atuavam. Sim, o nível de dificuldade e importância varia muito. Há aquelas que servem apenas para verificar se a pessoa de fato assistiu ao filme e aquelas que servem para verificar quantas camadas de significação o indivíduo conseguiu penetrar.

Caso queira, e espero que queira, deixe nos comentários suas opiniões.

Abraços.

Rodrigo L

 —-

01) Quais os sentidos simbólicos da cena de abertura (Vigliar & Kenny)?
02) Por que a imagem do Kenny gira?
03) Especificamente, o que simboliza a frase “Assista Furumbelo”?
04) Especificamente, o que simboliza a frase “Beba Furumbelo”?
05) Qual o sentido simbólico da música “Also sprach Zarathustra” no início do filme?
06) Por que o filme começa citando “2001, uma odisseia no espaço”?
07) O filme NÃO deixa claro qual é a profissão do Furumbelo. Cite a primeira evidência que comprove essa afirmação.
08) Qual a figura de linguagem presente na sequência: “hoje, agora, neste exato instante”? Explique sua importância para a cena.
09) Por que o subtítulo se chama “retalhos de uma vida”?
10) O que está por trás do cumprimento “Bom dia, Vila Mariana; bom dia, Brasil”?
11) Explique a ironia no nome “Arte & Cultura”.
12) Jeff Agostinho comete uma gafe logo na abertura do programa. Explique-a, indicando de que modo a situação poderia lhe trazer sequelas financeiras. Indique também de que modo isso contribui para o desfecho do filme.
13) Do ponto de vista dos criadores do filme, explique o propósito das perguntas toscas do Jeff Agostinho.
14) Quando o Anônimo elogia Furumbelo, ele está ecoando uma determinada postura ideológica (dica: isso é desenvolvido num dos capítulos de “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda). Explique.
15) Indique a contradição mais óbvia dita pelo Anônimo. Explique por que esse tipo de erro é importante para que o expectador compreenda o gênero do filme.
16) Por que Jeff derruba o anônimo?
17) Que ironia é explicitada quando Jeff anuncia a estrela do programa da semana seguinte?
18) Por que porco feliz? Qual o propósito dessa piada?
19) Para que servem as cenas rápidas com Luccas, Oertes, Augusto Malaman e as três amigas?
20) Qual o sentido da música que toca quando o Tony Tonhão faz exercícios?
21) Qual o sentido da cena do Tony Tonhão?
22) Qual a principal ironia contida na cena da Bárbara Ramos? De que modo esta cena dialoga com a cena anterior?
23) Qual é o problema social que aparece na cena da Bárbara? De que modo esse problema influencia a educação dos jovens?
24) Por que ela se chama Bárbara?
25) Qual o sentido da música cantada pela Samara Pipolina?
26) Por que ela tem tantas profissões?
27) Por que a lousa está desenhada atrás dela?
28) Qual o sentido desta cena específica?
29) Que música empresta ritmo à cena? Qual o sentido (fora do filme) desta música?
30) Além da ironia óbvia, qual o sentido da cena do Cornélio Amâncio?
31) Explique os nomes da família Jsacson.
32) Que tido de educação Rebeca está dando a seus filhos?
33) O que Teodoro Pompeu está segurando durante a entrevista?
34) Por que ele é um “pai gente boa”? Qual a crítica por trás dessa informação?
35) De acordo com Teodoro, o que seria um colégio careta?
36) Quando Teodoro elogia Furumbelo, ele está ecoando uma determinada postura ideológica (dica: isso é desenvolvido num dos capítulos de “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda). Explique.
37) Por que “se fossem livros de autoajuda, tudo bem”?
38) Por que na cena do Teddy não há diversos alunos lendo ao lado dele?
39) De que livro Teodoro está falando? Resuma, em linhas gerais (quatro linhas, no máximo), o enredo dessa história.
40) Indique duas evidências de que Teodoro é machista.
41) De que filme Teodoro está falando? Resuma, em linhas gerais (quatro linhas, no máximo), o enredo dessa história.
42) Qual o posicionamento político do Otávio Gatão? Qual é a principal bobagem que ele tenta defender? O que o filme está criticando nesta cena?
43) Indique todos os pleonasmos ditos por Álvaro Topete.
44) Explique a gradação que aparece quando ele cita os ídolos que sempre influenciaram os jovens.
45) A cena de Joseph Zhen satiriza um livro / filme que fez muito sucesso nos últimos cinco anos. Que livro / filme é esse?
46) Em que consiste a estrutura argumentativa do discurso de Joseph?
47) Cadê o cérebro de que Joseph fala?
48) O que significa a expressão “homem renascentista”?
49) Explique o adjetivo “cativante”.
50) Qual a relação entre a cena do locutor Arnaldo Aragão e o livro “1984”?
51) De acordo com Juca Macieira, nada é anormal, nada é estranho, nada é errado. Explique, indicando perigosas sequelas dessa postura.
52) Qual o sentido da cena de Túlio Santana?
53) Opinião idônea?
54) O que Túlio elogia nas músicas do Furumbelo? Seus argumentos são de fato bons? Explique, indicando valores que Túlio não levou em consideração na análise de seu pupilo.
55) Explique a antítese entre Johnny Brother e Osman Teigoso.
56) Osman NÃO cita Fernando Pessoa com precisão (faça o favor de ler o poema). Explique o sentido disso.
57) Compare os argumentos de ambas as personagens. Quem leva vantagem no plano do conteúdo e no plano da expressão?
58) Ambos cometem uma contradição. Explique.
59) Que postura é criticada na cena do Dadá Mutema?
60) Por que Telmo Pangolé é auxiliar de escritório?
61) O que está por trás de sua crítica a Furumbelo?
62) Explique o “falando nisso”.
63) Complete e explique a gradação: sabia que eu sou poeta; eu escrevo uns funks; X.
64) Qual o sentido da música que toca nesta cena?
65) Por que Camila Mello é assistente jurídica?
66) Qual a crítica metalinguística que a cena sugere?
67) Por que ela coloca a aliança no bolso?
68) Por que ela diz “oi, Fu” e não “Oi, Furumbelo”?
69) Que poema é esse que ele inventou para a Camila?
70) Que poema é esse que ele inventou para a Ágata?
71) Por que, mesmo sem ela ter unhas negras, o poema era a sua cara?
72) Que tipo de personalidade do Furumbelo começa a se delinear nessas duas cenas?
73) Considerando o discurso da Tônia Beterraba, que coisas que um homem não precisa ter?
74) O que significa “biscateiro”?
75) Toleléu Gomes consegue se justificar decentemente?
76) Explique a frase “curso de teatro? Pra quê, meu bem?”.
77) Qual o sentido da música que toca nessa cena?
78) Por que a profissão de Dedalus é “norteamericano”?
79) O que Dedalus de fato diz a respeito do Furumbelo?
80) Por que a legenda está ‘errada’?
81) Por que a cena do casal Coelho é a única em “três dimensões”?
82) Por que eles não conhecem o Furumbelo?
83) Quem eles passaram a conhecer nesse meio tempo? (escreva o nome de todos os artistas citados, indicando suas “profissões”).
84) Quem é Bosch?
85) Qual a crítica implícita nesta cena?
86) A cena das preciosas critica a vulgaridade das mulheres? Justifique.
87) Por que “num adjunto adverbial de lugar”?
88) Qual o sentido da música que toda nesta cena?
89) Por que o filme não poderia acabar nesta cena?
90) Por que Jeff manipula o Anônimo para que este fale pelas costas? (dica: compare essa postura com o escândalo que aconteceu pouco antes do impeachment de Fernando Collor de Melo; quem foi Pedro Collor? Por que ele participou do episódio?).
91) Quem afinal é o Furumbelo?
92) QUAL A PRINCIPAL CRÍTICA DESTA CENA (e, de modo geral, do filme)?
93) Qual o sentido das reticências?
94) Por que é tocada a quinta sinfonia de Beethoven?
95) A personagem da Júlia, aquela que reclama que o filme é “metido a besta”, simboliza que tipo de público?
96) O que significa dar um “THE END” ao filme? (quem viu IN ON IT sabe a resposta, quem leu e viu A REVOLUÇÃO DOS BICHOS, idem)
97) Qual é a ideia (ou quais são as ideias) que o filme está querendo compartilhar?
98) Por que a recusa à música do Queen?
99) O que significa “autoironia”?
100) O nosso filme teve um FIM?

Nova onda no pedaço

“Estreia hoje em São Paulo o remake de A Onda”, alertou-me um amigo. Agradeci-lhe a preocupação, mas graças à divulgação digital que a internet nos proporciona já tinha visto o filme nas férias.

A primeira versão, feita para a TV norte-americana em 1981, já havia me trazido boas impressões. Para quem não a conhece, eis uma sinopse: professor californiano, tentando explicar a seus alunos o poder de persuasão do nazismo, resolve construir – em princípio – um grupo de estudos baseado na disciplina. Ordem, força e conjunto são os termos que os jovens passam a valorizar conforme vão incorporando os ideais d’A Onda (The Wave), nome dado ao grupo.

A maior parte dos estudantes não percebe, mas em nome de um equivocado senso de coletivismo, eles acabam abandonando suas individualidades – pensam estar se tornando especiais quando na verdade transmutam-se em simples massa.

No fim do filme, o professor lhes revela o verdadeiro propósito do grupo: mostrar de que modo um partido ditatorial, como o nazista, pode ser persuasivo a ponto de conquistar pessoas (ingênuas, mas) bem intencionadas. A cena final é significativa: Robert, o aluno deslocado que viu n’A Onda um sentido para sua vida vazia, fica em prantos. Para ele, talvez, assumir as responsabilidades decorrentes do livre-arbítrio fosse mais um fardo do que uma dádiva. Quando escrevi sobre filme, mais do que me preocupar com a superficialidade de adjetivá-lo como bom ou ruim, hipervalorizado ou menosprezado, preferi analisá-lo como um oportuno recado contra a massificação travestida de solidariedade (a virtude nomeia o vício). Alguns amigos não gostaram do filme, pois viram nele um alerta maniqueísta contra a ditadura comunista. Concordo com eles, mas só em parte. Creio que, assim como A revolução dos bichos, de H. G. Wells, A Onda traz um alerta contra diversas formas de totalitarismos, não apenas contra o império vermelho.

 

O filme que chega hoje em cartaz possui nova estampa: a história é agora ambientada na Alemanha; o professor responsável pelo projeto é caricaturalmente mais jovem em amplo sentido: possui vigor físico, ouve rock, é simpatizante da anarquia e não se preocupa em preparar suas aulas com muita antecedência. Se eu me preocupasse em fazer uma leitura paralela, destacando as vantagens e desvantagens de uma ou outra versão, diria que a segunda é menos clara – talvez menos didática – no que diz respeito a associar A onda (Die Welle) ao partido nazista. No entanto, isso não me parece o essencial. Por outro lado, considero extremamente relevante comparar a diferença nos desfechos.

Na versão norte-america, podemos dizer que, exceto para Robert, há final feliz: o professor se valeu de uma dura, mas competente lição de vida. Me pergunto: qual seria a função de refazer esse filme sem incorporar nenhuma nova reflexão? Sem – digamos assim – atualizá-lo? Imagine o perigo que seria um educador que, inspirando-se no final feliz do primeiro filme, pretendesse pôr em prática ideia similar. Pensando nisso, ou não, Dennis Gansel, o diretor da versão atual, resolveu problematizar um pouco mais a história. Como Reiner Wenger, o professor, assumiu um risco imenso ao tentar controlar os cérebros de seus pupilos, seria forçar demais a barra se ele passasse impune. A história cultural nos mostra que aquele que busca sorver-se de poder absoluto (vide Blade Runner, O Golem, Frankstein, ou o “conto alexandrino”, este de Machado de Assis) acaba se afogando.

Ao contrário do que o amigo me disse, Die Weller não é um remake de The Wave. Trata-se de um, na expressão de Ezra Pound, make it new. Mais importante do que refazer por refazer, é renovar aquilo que a cultura já produziu. É uma diferença pequena, mas fundamental.

Idealizações e ideais

“Meus jovens alemães, após um ano, tenho a oportunidade de dar-lhes as boas vindas. Aqueles que estão aqui no estádio são um pequeno seguimento da massa que está lá fora por toda a Alemanha. Desejamos que vocês, rapazes alemães e garotas, absorvam tudo que nós esperamos da Alemanha para um novo tempo. Queremos ser uma nação unida, e vocês, meus jovens, formarão esta nação. No futuro não desejamos ver classes, e vocês precisam impedir que isso apareça entre vocês. É apenas um seguimento das massas. E vocês precisam se educar para tal. Queremos que estas pessoas sejam obedientes, e vocês devem praticar a obediência. Desejamos que as pessoas almejem a paz, mas que também sejam corajosos. E vocês alcançarão a paz. Vocês precisam almejar a paz e serem corajosos ao mesmo tempo. Não queremos que esta nação seja fraca; ela deve ser forte, e vocês precisam se endurecer enquanto são jovens. Vocês precisam aprender a aceitar privações sem nunca esmorecer. Não importa o que criemos e façamos, nós passaremos, mas em vocês a Alemanha viverá. E quando nada restar de nós, vocês levarão o pavilhão, que há algum tempo nós levantamos do nada. E sabem que não pode ser de qualquer outro modo, como estarmos juntos de nós mesmos. Porque vocês são carne de nossa carne, sangue de nosso sangue! E suas mentes jovens estão repletas do mesmo ideal que nos orienta. Vocês estão unidos a nós, enquanto as grandes colunas do movimento marcharem pela Alemanha vitoriosa, sei que vocês se juntarão às colunas. E nós sabemos que a Alemanha está diante, dentro e atrás de nós. A Alemanha marcha dentro de nós, A Alemanha segue atrás de nós!” Discurso de Adolf Hitler aos jovens alemães in O Triunfo da Vontade

Muitos jovens admiram Adolf Hitler (“Há criaturas que chegam aos cinquenta sem nunca passar dos quinze”- Machado de Assis) por se deixarem seduzir pela sua forte retórica. É o mesmo que gostar de ser enganado. Ou talvez seja pior do que isso. A quem possuir forte identificação de princípios com o líder nazista, este texto de nada valerá, parecerá propaganda barata. Não é a eles que dirijo minha palavra. O que me interessa aqui é analisar estruturalmente a política de trocas que Hitler propõe a seus ouvintes, identificando um perigoso e recorrente artifício que ainda hoje busca aliciar mentes ingênuas.

Num filme a que assisti nesta semana, o professor de Ciências Políticas pergunta a seus alunos qual seria a premissa histórica para um governo ditatorial. Com bastante pertinência, alguém responde “Alto desemprego e injustiça social”, mas também seria possível responder de modo mais sintético: forte insatisfação com a realidade.

Hitler sabia disso. Não por acaso ele faz referência a um novo tempo, a uma nova Alemanha que possa satisfazer os desejos do povo. Quem leu A revolução dos bichos sabe que os sonhos que alimentaram a revolução muitas vezes não passam disso: sonhos. Em nome de uma pretensa liberdade, o indivíduo vai se aprisionando cada vez mais.

Hitler sabia disso. Ele promete uma nação unida, sem classes, mas pede em troca obediência plena. Só com muito esforço seremos capazes de não perceber a incoerência: obedecer a quem, cara-pálida? Assim como no livro de George Orwell, aqueles que prometem a igualdade são os primeiros a exigir privilégios. Não raro conceitos abstratos são manipulados a ponto de significarem seu próprio antônimo: Os porquinhos constroem uma muralha a fim de dar mais liberdade [sic] aos animais; Hitler oferece uma nação sem diferenças, mas com privações [sic again]. Em nome de um ideal, o povo se rende a idealizações.

Hitler sabia disso. Habilidosamente, ele engendra sua “arquitetura da destruição” (nome do magnífico filme de Peter Cohen) de modo a seus fãs perceberem apenas a primeira palavra da expressão. Em nome de um ideal, de um princípio, do sonho de uma vida melhor, o indivíduo abre mão do seu caráter, da sua consciência, da sua própria individualidade. Essa troca vale a pena? Já tratei da anulação do indivíduo em nome do coletivo quando comentei a primeira versão do filme A onda, o qual ganhou nova versão – da qual também pretendo falar. Continuo achando que as imagens podem ser perigosos cativeiros.

Encarar a realidade não é fácil. Muitos querem líderes que lhe apontem o caminho. O melhor exemplo que me vem à mente é o do professor John Keating, de Sociedade dos Poetas Mortos. Por melhores que tenham sido suas intenções, ele soube – etimologicamente – cativar seus alunos, dando-lhes uma sensação de liberdade. Os jovens, que deveriam aprender a importância da dúvida, acreditavam religiosamente nos dogmas de seu professor. O discurso idealizante se aproveita daquilo que todo homem maduro deveria saber: a vida não é perfeita, a vida muitas vezes é angustiante, a vida não deveria ser assim.

 Nenhum homem decente se considera plenamente satisfeito. Não há mal algum em reconhecer nossos problemas, muito pelo contrário. Daí, das nossas insatisfações, surgem os preciosos ideais, que nada mais são do que o estímulo de que precisamos para construir um futuro melhor. As idealizações, por sua vez, são a falsificação das possibilidades, são o desmerecimento ao senso crítico do interlocutor; são a malícia transformada em palavras. As palavras seduzem. As palavras alimentam sonhos; sonhos de que ela própria se alimenta. Não vale a pena saciar a fome à custa de nossa própria carne. Há quem diga, fazendo referência a Hitler, que precisamos de um líder como ele. Mas não. Ensinamento por ensinamento, este, de Oscar Wilde, enfatiza melhor a responsabilidade que temos sobre nosso próprio destino: “O indivíduo que não pensa por si próprio, na verdade, não pensa”.