Quase sempre um livro conta mais de uma história. A mais evidente de todas é aquela que se pode resumir no enredo, aquela que aparece nas sinopses mais preguiçosas. Há também fragmentos de histórias que o autor coloca aqui e ali talvez para dialogar com o leitor mais atento ou curioso. Sempre quando leio, gosto de procurar no enredo (ou por trás dele) pistas das histórias que o leitor quer que encontremos. Sim, eu sei que há algo de infantil nisso que estou escrevendo. Não há como provar que isso que eu chamo de pistas tenham sido usadas de modo intencional. Quer saber? Pouco importa. O barato da literatura (e também de outras obras de arte) é que ela nos permite análises e interpretações diversas (umas mais outras menos pertinentes, concordo). E, para mim, uma tentativa de interpretação, ainda que equivocada, é muito melhor do que aquela leitura passiva, de quem não se entusiasma com a possibilidade de sentir os sabores (às vezes acres) que a leitura nos proporciona.
Se estiver a fim, aproveite o roteiro:
- Quem eram os alquimistas? Por que Victor Frankenstein os admirava?
- Qual era a grande ambição de Victor?
- Quais sacrifícios Victor fez para perseguir seus sonhos?
- Com base na p. 15 (e na história como um todo), faça um pequeno texto comentando a relação entre razão e loucura. Se tiver interesse em aprofundar suas reflexões, sugiro os filmes Um estranho no ninho, de Milos Forman (a história de um hospício administrado com racionalismo e mão de ferro) e Homo sapiens: 1900, de Peter Cohen (sobre como a Ciência foi usada para legitimar preconceitos e genocídios).
- Em que momento, Victor se compara a Deus? Pesquise histórias similares, como “a torre de Babel”, “o mito de Ícaro”, “Prometeu Acorrentado”.
- De acordo com Victor, uma descoberta científica é feita por um único indivíduo? Justifique.
- Victor assume que, em nome da ciência, ele cometeu crimes, praticou atos bárbaros, até mesmo desumanos. Pesquise exemplos atuais de atos bárbaros praticados pela ciência, identificando aqueles que você considera justificáveis e aqueles que você considera lastimáveis. (De certa forma, os itens a seguir são uma paráfrase deste)
- Até que ponto a evolução da ciência é uma boa desculpa para cometermos crimes?
- Quais sacrifícios devemos fazer em nome da ciência?
- Por que Victor não nos conta como conseguiu dar vida ao monstro?
- Por que Mary Shelley, a autora do livro, não nos conta como Victor conseguiu dar vida ao monstro? (note que esta pergunta é bastante diferente da anterior)
- Que tipos de lições a morte de William poderia dar a Victor?
- No livro há muitas hipérboles (Figura de linguagem marcada pelo exagero. Por exemplo: “Estou morto de fome…”, “Eu comeria até explodir!”, “Eu atravessaria o oceano a nado por um prato de comida”). Você seria capaz de identificar três usos dessa figura? Na sua opinião, qual é a função da hipérbole na história? Você consegue imaginar outros usos / outras funções para a hipérbole?
- Em diversos momentos da história, a natureza parece refletir os sentimentos das personagens. Localize três trechos em que isso acontece. Qual é a função desse recurso na história? Você consegue imaginar outros usos / outras funções para esse recurso?
- No primeiro encontro entre os dois, o monstro censura Victor. Por que ele faz isso?
- Como o livro explica a inteligência do monstro?
- Cite alguns exemplos da inteligência e da sensibilidade do monstro.
- “Que estranho, pensei, a mesma causa produzir efeitos tão diferentes!”. Nesse trecho, o monstro está refletindo. Essa passagem deveria fazer com que você se lembrasse de um outro personagem monstruoso que frequentemente ficava refletindo. Que personagem é esse?
- O monstro, ao contrário do que costumamos esperar de um monstro, aparenta possuir uma sensibilidade lírica (poética). Relate o episódio em que ele quase chora de emoção.
- O que a narrativa do monstro nos revela a respeito da sua índole?
- Reflita: o monstro é de fato um monstro?
- Pesquise: que revolução é essa que aconteceu na França e foi responsável pelo exílio da família (p. 64)?
- O que o monstro aprende com o livro As ruínas dos impérios (Les Ruines, ou méditations sur les révolutions des empires), do Conde de Volney?
- “Quem era eu? Ou o que era eu?” (p. 75). Explique a diferença entre as duas perguntas do monstro.
- No item anterior, percebemos que as perguntas possuem um tom existencialista. O mesmo teor é verificado nas inquietações de Hentzau (A Maldição da Pedra)? Explique as semelhanças e as diferenças entre esses dois personagens.
- As leituras do monstro talvez tenham um significado simbólico. Com base na narrativa do monstro, com base na aula do dia 21 de fevereiro, com base na sua experiência de leitor, responda: qual é a função (ou quais são as funções) da literatura?
- Releia a p. 83 e responda: qual pode ser um dos sentidos simbólicos de o monstro não possuir um nome?
- O que motivou o monstro a mudar de índole?
- O que o monstro pede a Victor?
- Na passagem da página 95 para 96, somos informados que o amor é o único sentimento capaz de eliminar a crueldade do monstro. Você consegue pensar em outras histórias (podem ser livros ou filmes) que valorizam este sentimento de modo similar?
- O que levou Victor a romper o pacto com o monstro?
- “Em seu rosto, vi a expressão da malícia e da traição” (p. 102) Explique por que o trecho anterior não pode ser considerado uma prova de que o monstro fosse malicioso ou traiçoeiro.
- Por que o monstro, em vez de desaparecer, deixou pistas para que Victor o perseguisse?